segunda-feira, 26 de abril de 2010

Uma excelente visão das coisas (chame as crianças para assistir)

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Inflação no Brasil em duas décadas

Interessante registro sobre a inflação que acometeu os brasileiros nas últimas duas décadas, demonstra uma jornada de inferno ao paraíso. Só quem viveu esses dias entende a plenitude disso, mas os mais jovens que atualmente vivem dias de equilíbrio nas contas e previsibilidade gastos, precisam de uma noção de como as coisas antes andavam. Tempos de hiperinflação significava comprar produtos nos mercados em grandes quantidades para assegurar o preço e estoque em casa, acredito que a o termo "fazer rancho" no mercado surgiu nessa época, e não significava que você iria botar a mão na massa e construir uma cabana na beira de um lago, o rancho não era menos que um ou dois carrinhos de supermercado abarrotados de produtos, com grãos, óleo, farinhas e o que mais suportasse armazenagem por no mínimos um mês. O leite e pão era uma luta diária para comprar, pois se num dia custasse 0,50, no outro dia poderia estar em 5,00 ou mais. Dinheiro na mão era desastre na certa, pois seu valor sumia tão rápido quanto o volume da surpresa da inflação divulgada ao final de cada mês.
O salário sofria uma defasagem desigual, e a cada mês o poder de compra desabava a ponto de sofrer reajustes mensais, mesmo que sabidamente inferiores ao crescimento dos preços.
Foi a época de ouro para quem pode estocar produtos, desde mercados e postos de combustível, que negociavam e estocavam grandes quantidades de produtos, para vendê-los a preços abusivos uma semana depois. Preços abusivos porque não havia uma clara noção de preços a serem colocados, mas passava muito pela ganância e concorrência entre os
mercadores locais, onde a solução para muitos foi a formação de cartéis. Chegou a haver escassez de produtos nas prateleiras dos mercados, tamanha era a demanda e necessidade de estocar os produtos em casa, ocasionado mais elevação nos preços.Grande sacada da época era pagar com cheques pré-datados, era o pulo do gato para muitos, onde quem vendia diretamente aos consumidores levava uma vantagem sobre os atacadistas e fabricantes. Receber a mercadoria e vendê-la por dinheiro aos clientes e pagar os fornecedores datas após a um preço que poderia ser até muitas vezes mais baixo do que no momento da compra e entrega.Nos bancos imperava a confusão quando surgiu o confisco no Plano Collor, que até hoje o governo paga quem entrou na justiça. Os bancos sofreram uma corrida dos correntistas por retiradas, reclamações e depósitos que seriam afetados pela hiperinflação.O início da hiperinflação ocorreu com o choque do petróleo, quando o governo tentou financiar o crescimento com o endividamento no exterior. A inflação naquele ano chega ao 34,56%, João Figueiredo (1979-1985) indexa a economia e emite moeda para compensar os aumentos nos preços, sendo que perde o controle da inflação que chega aos 200% em 1984.
Ocorreram posteriormente diversos planos no intuito de combater a sangria econômica:
  • Plano Cruzado (02/1985): Substitui o cruzeiro pelo cruzado com queda de 3 zeros, congela os preços e fim da correção monetária, trava o aumento de salários, taxa de câmbio e gatilho salarial.
  • Plano Cruzado II (10/1985): Liberação dos preços de produtos e serviços, aumento de impostos e de tarifas de serviços públicos.
  • Plano Bresser (06/1987): Congelamento de preços e salários, fim do gatilho salarial, aumento de tributos e suspensão de obras públicas.
  • Planos verão (01/1989): Troca do cruzado pelo cruzado novo, novo corte de 3 zeros, congelamento de preços e mudança nos indexadores de salários e poupança.
  • Plano Collor (03/1990): Confisco de depósitos e aplicações financeiras acima de Cr$50.000 por 18 meses. Moeda volta a ser cruzeiro. Preços e salários congelados e tem reajustes prefixados.
  • Plano Real (1994): Novo corte de 3 zeros. Surge a unidade real de valor (URV), que serve como referência para os preços em cruzeiro real. Com o alinhamento gradual dos preços, em julho é emitido o Real. Foi realizado um severo controle de gastos para reduzir o déficit público. A inflação cede caindo de 47,43% em junho a 6,84% em julho e 1,86% no mês seguinte. Em 1998 o IPCA anual é de 1,65%. O menos índice da história.
Fonte: ZH, 02/2010.